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Ministra da Cultura elogia Óbidos na inauguração do FÓLIO
A ministra da Cultura afirmou, esta quinta-feira, na inauguração do FÓLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, que Óbidos está na primeira linha no combate cultural pela democracia e pela liberdade, reforçando que “sem o livro e sem a leitura não teremos democracia sem liberdade.”
Dalila Rodrigues disse que Óbidos faz, assim, “jus ao seu título de ‘vila literária’, conquistado através de um trabalho persistente e paciente, de muitos anos, na salvaguarda de um dos maiores bens comuns da humanidade: a experiência de ler e de escrever”.
A governante manifestou ainda preocupação com a “concorrência desleal de redes e plataformas, na aparência mais estimulantes, mas a prazo ameaçadoras para a estabilidade das repúblicas, para a saúde das democracias e para o bem-estar mental dos nossos cidadãos”.
Após recordar algumas medidas anunciadas na véspera para a área do livro e da leitura, a ministra admitiu que será sempre pouco o que já se fez, e se irá fazer. E sublinhou que “este projeto comum exige o envolvimento de todos: poder central e autarquias, instituições da sociedade civil, empresários e editores e, sobretudo, leitores”.
“Da mesma maneira que foi possível erguer e consolidar, nesta vila do Oeste, um dos mais prestigiados festivais da Europa, estou certa de que com trabalho persistente, com uma conjugação de esforços em torno de interesses comuns, com uma ação concertada entre o público e o privado, será possível superar algumas inquietações que aqui nos trouxeram”, declarou.
Inquietação como motor
A propósito da “Inquietação”, tema escolhido para a edição deste ano do FÓLIO, Filipe Daniel, presidente do Município de Óbidos, referiu que “a inquietação é o motor que nos move, a força que nos faz questionar, que nos incita à reflexão, à mudança e à criação”. E acrescentou que “a literatura sempre foi, e será, uma forma poderosa de traduzir essa inquietação em palavras que tocam, transformam e iluminam o caminho”.
O autarca recordou que o festival literário se associou à celebração dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, “o nosso poeta maior, cuja obra ressoa com uma profunda inquietação sobre a existência, a pátria, e o amor”. “Camões é um ícone da nossa literatura e um exemplo de como as palavras podem atravessar os séculos, e continuar a inspirar novas gerações”, lembrou.
Os 50 anos do 25 de Abril serão também recordados durante o evento. “A Revolução dos Cravos foi o culminar de uma longa inquietação de um povo sedento por democracia e justiça”, disse Filipe Daniel. “Aqui, em Óbidos, há 51 anos, ocorreu a célebre reunião de 1 de dezembro de 1973, um momento que marcou profundamente a história local e nacional, plantando uma semente crucial na preparação daquela que seria a nossa revolução.”
“Esta é uma edição muito especial para a Ler Devagar, como organizadora e curadora de uma parte do segmento do Fólio”, sublinhou Joana Pinho, administradora da Ler Devagar, cujo pai foi o mentor do festival. “É a primeira edição em que o José Pinho [já falecido] não teve a mínima intervenção, mas está sempre cá. É uma grande alegria ver que as coisas continuam a crescer e a melhorar”, salientou.
Já o presidente da Fundação INATEL, José Manuel Soares, recordou que a Folia tem tido um “papel importante” como espaço dedicado às artes e à cultura popular, reforçando a missão cultural da Fundação. “A participação no Palco INATEL é um convite para que o público experiencie novas formas de arte”, assegurou. “A arte tem o dom de nos inquietar, e isso está patente em todas as nossas sugestões musicais”.
Além de se associar às efemérides dos 500 anos do nascimento de Camões e ao meio século do 25 de Abril, José Manuel Soares lembrou que o Palco INATEL está disponível para “divulgar novas sonoridades e artistas com projetos pouco conhecidos do grande público”. Destacou ainda dois momentos em particular: o projeto “Entre Nós”, que envolve a comunidade local, no dia 13, e a elegia ao Património Cultural Imaterial, cumprindo a missão da Fundação INATEL, enquanto instituição acreditada pela UNESCO, com emmy Curl, no dia 18.
“Nesta vila literária, estamos inquietos, e o que nos mantém inquietos são também os livros, porque nos fazem voar, além do espaço e do tempo, e porque nos deixam sonhar”, disse Margarida Reis, vereadora da Cultura. “São também a nossa ‘linha da vida’, são as palavras da vida que nos tornam humanos, que nos educam. Precisamos de ser inquietados para continuar a ler.” Recordou ainda que o FÓLIO é um festival inclusivo, que pretende que todos os participantes sejam valorizados, sem restrições.
A edição de 2024 do FÓLIO, iniciativa organizada pelo Município de Óbidos, empresa municipal Óbidos Criativa, Ler Devagar e Fundação INATEL, congrega cerca de 600 iniciativas ao longo de onze dias. A programação completa pode ser consultada na app oficial do evento, lançada no dia de abertura do festival.
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